terça-feira, 28 de abril de 2009

ABRIL SHOPPING FASHION

Esta acontecendo mais um evento no Cariri Shopping e ontem eu compareci no local. É um desfile de moda das diversas lojas que existe no shopping.

Posso afirmar que dessa vez utilizaram mulheres e rapazes bonitos.

Já fui a diversos desfiles, mas esse eu achei muito insosso. Poucas pessoas prestigiando o evento, poucos donos de lojas presentes. Sem muita organização. Na verdade pode-se acrescentar muitas outras coisas não agradáveis, mas isso seria bom se você tivesse no local. Parabenizo alguns dos profissionais, outros, prefiro esquecer que estiveram lá participando.

Essas foram algumas fotos feitas no local.




















Confira mais fotos no nosso site:
www.carcaramultimidia.com.br

domingo, 26 de abril de 2009

Armazém do Som - Bandas de Garagem (parte V e VI)

QUINTO DIA 24/04/2009
 
Não sou nenhum detrator do movimento reggae e quem me conhece sabe que não é minha praia o estilo. Este blog nasceu para minhas historias e fotografias. Meu senso critico continua racionalmente ativo para que não agrida nem um tipo de grupo, etnia, raça, credo ou seja lá o que vier pela frente.
 
Hoje, eu tenho que admitir que o Sesc Juazeiro estava quase tendo orgasmo coletivo na quadra coberta. O publico participou intensamente do show. Foram três bandas de reggae que esbanjavam muito talento, técnica e força de vontade.
 
O reggae tem suas peculiaridades. A dança geralmente é contagiante e quem foi ali, no Sesc, foi para se contagiar.



A primeira banda chama Dona Flor. Nome interessante. Quando você chega diante do palco pode deduzir o porque do nome ser no feminino. No batalhão da frete você já encontra três lindas mulheres, a Fran, Ranny e Bel. Logo mais atrás de uma delas, mais uma mulher com a guitarra: Yanne. De principio posso falar da presença de palco e desenvoltura dos integrantes. A vocalista levou bem seu batalhão de frente e os demais integrantes não deixaram por menos. O repertório era um dos melhores da noite e só estava começando.



Com a entrada da Tribo Cariri, banda cratense, o público já estava mais solto e mais alegre. Em bandas desses estilo você sempre ouve clássicos de Bob Marley, Jimmy Cliff e até de Gilberto Gil e se aliam a outros sucessos de estilos variados, como no caso, aqui, o grande sucesso dos anos 70 de Hyldon que foi regravado pelo grupo de pop rock Kid Abelha “Na rua, na chuva, na fazenda (casinha de sapê)" cantada pela vocalista Isabela. Havia muito profissionalismo na Tribo Cariri. A percussão era uma participação especial vinda da banda Liberdade e Raiz. O guitarrista trouxe solos seguros, o baterista bem sintonizado levantavam mais o astral daqueles que já se aglomeravam mais próximo ao palco. A vibração do show foi uma maravilha e você via a banda se entregar rapidamente ao publico presente e ainda mais felizes eles ficaram quando o Alisson (guitarra base) fez sua participação no vocal em duas músicas. Impressionante a voz do cara. O público pediu muito por um bis, mas que infelizmente, não foi possível pelo tempo destinado as bandas.



Para a banda Liberdade e Raiz cair na graça de uma boa e grande gravadora falta muito pouco. Impressionante a qualidade do vocal André Ferreira, além de sua performance com danças típicas do movimento reggae. Havia muita técnica no grupo e muita disposição também. Houve uma interação incrível com o publico também. A percussão ainda estava ali, voltando do empréstimo para a Tribo Cariri. Os movimentos do Rogério (percussão) eram precisos. Você notava claramente que ele gostava de improvisar bastante, e não dava uma fora. Em “O matuto do sertão” e “Chapadinha” houve dois poemas recitado, de autoria do André Ferreira. Em “Chapadinha” o poema se destaca por ser uma defesa do nordestino. Ao final, “Princesa do Cariri” que é uma homenagem ao Crato. Só lamento aquela frase de apoio à Juazeiro, ta André?



Sendo ovacionado por todo o público, encerrou-se mais uma noite, a penúltima, com o Festival Armazém do Som – Bandas de Garagem. Muito gratificado, o público vai se retirando da quadra com muita alegria e, só lamentando, ter terminado. Para mim que estive em todos os shows e chegava no inicio e saia apos terminar, foi cansativo, mas valeu a pena. Um festival deste nível em Juazeiro do Norte só podia ser sucesso. Parabéns mais uma vez, Sesc Juazeiro do Norte.

SEXTO DIA 25/04/2009
 


Voltando ao reduto nesse último dia do festival, com ansiedade para ver como seria e curtir mais musicas de bandas nossas, eu entrei com meus instrumentos de guerra: câmera, tripé, notebook e uma simples caneta e um papel no bolso. Agitado eu já busquei encontro com os organizadores e logo me alojei junto com a equipe de som ao lado do palco. Ainda não tinha sido liberado a entrada do pessoal e antes de entrar eu já fui dando abraços e apertos de mão em todos lá fora. O que achei melhor é que vi alguns caras do metal extremo, do reggae, do pop e do alternativo, ali, prestigiando outras bandas de outros estilos. Não dá pra deixar de lado e ignorar esse fato porque isso é importante. Você pode nem gostar do estilo, como eu não gosto da maioria, mas pode prestigiar e aprender um com o outro como curtir e se comportar, além de respeitar.
 
O fato de eu esta no Festival fazendo fotos, não quer dizer que não fui para curtir. Se não fosse fazer fotos estaria pulando, gritando e participando dos shows mais intensamente. Acho que fui filmado pelas câmeras dos fãs presentes e pode-se notar em muitas horas que eu batia palma, soltava berros e batia cabeça em muitas horas. Houve uma super seleção de bandas para esse festival.
 
Sem surpresas inicia-se mais uma, e ultima, etapa do Festival. Hoje o tema Hardcore está presente com quatro bandas. Sabia que ali eu iria ouvir bandas como Dead Fish, CPM 22, Blink 182, Rancid, Fresno e outras.
 
Dead Malaria foi iniciando com uma batida ja forte e chamativa. O publico ainda era pequeno, mas o agito já se tornava grande. Fran começou a cantar e o publico a participar. A quadra era grande, por isso alguns buracos na platéia no inicio, mas logo veríamos que aquele local se tornaria menor. Com o decorrer do show fui me maravilhando com o “pequeno” baterista que fazia um show a parte. Ele soube sintetizar um virtuosismo em sua tenra idade com uma qualidade de quem tem décadas de experiência profissional. Baqueta é o seu nomee 15 sua idade. Expressão natural de quem nasceu para a coisa. Serio e tímido, porem forte e decidido, suas batidas tornavam aquela banda mais que especial. A apresentação impactante desse baterista foi um show a parte, infelizmente ele não fez um solo para mostrar que sabe e que veio para ficar. Eles mostraram que tem um publico deles. O guitarrista tocou com uma corda a menos e deu certo por alguns pontos de vista. O repertorio era variado e tinha covers e musicas próprias.



O Snorf HC entra com um pequeno erro que mais tarde conserta com o sucesso do show. Houve uma falta de sincronia na intro da primeira musica, entre guitas e batera. Quando se vai para um show comum espera-se ver o publico bater palmas, cantar as musicas e ficar olhando para os artistas, mas num show punkrock e hardcore o que se pode esperar são socos e chutes para todos os lados. Uma guerra amiga entre o publico. O nome dessa “dança” é RODA DE POGO. Os saltos do palco, o dito MOSH, começou ja na segunda musica e junto veio uma grande interação. O vocalista Leone deu um show de amizade e fez bem sua parte.



O show garageiro continuou com um pouco de atraso da banda 4º ao Lado para entrar no palco e depois para mudar uma corda do baixo, que digo, agüentou 3 shows ininterruptos. Mas passado esse porre, podemos colher mais um pouco da magia hardcore.

Voltando ao fim dos anos 1970 e entrando aos anos 1980, quem viveu nessa época ou, como eu, curtiu através de registros em vinil, K7, VHS, CD’s e DVD’s, o 4º ao Lado veio trazendo lembranças de bandas como a nacional Camisa de Venus de Marcelo Nova e as internacionais como The Clash, Ramones e Sex Pistols. Quando ouvi o vocalista Marquinhos cantar, vibrei muito e quis até soltar a câmera e dar o primeiro “mosh”. Quando ouvi ele falar me recordei de John Lydon que foi vocalista do Sex Pistols. A voz era muito parecida com a dele quando falava. Mesmo estando o tempo quente, as jaquetas de couro preta deram um visual a banda. Fez um cover do Roberto Carlos com a musica “Namoradinha de um amigo meu” bem dentro do estilo hardcore. Não gostei, mas o publico gostou muito. No decorrer do show o guita base, Cristiano, deixou o palco por motivos técnicos com a guitarra e saltou para o meio do público. Nem por isso o show parou. Marquinhos deu de conta do show juntamente com João Paulo (batera) e Johnny (baixo). As RODAS DE POGOS aumentaram e trouxeram mais animação para o festival. O vocalista, incansável, parecia querer fazer espagati no palco tocando guitarra.


 
Com uma entrada empolgante o vocalista Rafael do Morfin-8 entrou mostrando que os 7 anos da banda valeu para o grupo estava com pique para encerrar o belo festival. Em todo o show o cara pulou incansavelmente e os outros integrantes, mostrando muito peso, deram mais motivos para as RODAS DE POGOS se formarem novamente. Alguns fãs passaram a subir no palco e tomar o microfone e gritar, cantar, xingar tudo na maior alegria de um hardcore. Teve uma resposta muito positiva de todo o publico. Quando foi anunciado o fim do show, o pedido de bis parecia nao ter fim, mas infelizmente não houve acordo. O publico subiu no palco e pediu ao pessoal do som, da coordenação, da banda e mesmo assim não tinha mais como. Mas via-se claramente que a Morfin-8 tem muito ainda para dar ao público.

 
Aproveitando a apresentação da Morfin-8, digo aos demais componentes de bandas que se apresentaram e as que não tiveram chances que recordo certa vez ter ouvido comentários sobre essa banda no inicio onde todos diziam que eles eram ruins. Realmente alguns disseram isso nesse ultimo show e confirmaram que a insistência dos caras mostraram que valeu a pena, porque eles estão de parabéns. Que isso sirva para as outras bandas continuarem, porque é assim que se chega mais próximo da perfeição. Ensaios, aulas, praticas.



O Festival Armazém do Som – Bandas de Garagem veio para mostrar que existem gêneros musicais aqui na região muito diversificado, e que, com essa apresentação de varias bandas foi um passo para que possa futuramente ter mais uma edição desse memorável encontro de estilos e tribos. A equipe técnica, mesmo sem a experiência com esses estilos musicais, fez valer cada apresentação e tornou a vida desses adeptos uma fantasia. As bandas foram escaladas partindo de uma quantidade boa de material fonográfico e as escolhidas tiveram a presença confirmada durante toda a semana.
 
Antonio, o produtor cultural, montou o projeto e executou com profissionalismo e muita paixão pela musica. Como o mesmo já é musico e curte estilos alternativos, tem ouvido e senso critico, selecionou e montou a programação. Se fez presente a cada segundo. Para o mesmo a satisfação beirou o orgasmo pelos resultados obtidos. Os gêneros musicais aliados durante toda a semana do festival ganharam uma apresentação descontraída e dançante, tanto dentro do teatro, que era mais limitado, como na quadra.
 
Para finalizar, querendo continuar escrevendo mais e mais, sem muitas palavras para descrever o festival o melhor é resumir em duas apenas: FOI FODA!!!
 
O que é bom, não dura pouco, dura o essencial. Dura o que podemos curtir. Eu, mesmo fotografando, curti, prestei atenção, aticei meu senso critico, relembrei quando comecei a curtir musica e a ir a pequenos shows, recordei quando apresentei bandas em festivais, exposição do Crato, shows na URCA e lembrei das minhas tentativas de manter uma banda.
 
Esse inebriante festival realmente vai ficar marcado na vida de quase todos os que passaram ali como um dos melhores aqui da região.
 
Não se desplugue desse blog por muito tempo, até a semana que vem uma pagina será recheada com muitas fotos de pessoas que estiveram no show, as bandas e muito mais.
 
Se ligue na pagina: www.carcaramultimidia.com.br
La você vai conferir todas as fotos.

"FESTA ESTRANHA COM GENTE ESQUISITA..."

(Veja as fotos completas, semana que vem no site: www.carcaramultimidia.com.br)





sexta-feira, 24 de abril de 2009

Armazem do Som - Bandas de Garagem (parte III e IV)

TERCEIRO DIA 22/04/2009

Corri, corri... O show estava marcado para começar as 18 horas e eu estava em cima e não queria me atrasar.



A expectativa era grande. O dia era de bandas alternativas e tinha uma que muito estava abrindo a curiosidade das pessoas nos dias anteriores. Era uma banda formada somente por mulheres. Eu não conhecia.
 
Ao chegar no SESC já fui me admirando com a quantidade de pessoas que estavam presente. Muita mulher, muitos jovens, muita gente prestigiando esse evento. Papo vai, papo vem e revejo um e outro. Lembranças de quando eu tinha meus 18 anos e não tinha shows desse tipo. Ainda participei de alguns, mas não houve muitos. Encontrei músicos que tocaram nos dias anteriores e outros que ainda estavam na programação. O papo que rolava era justamente sobre o quanto estava sendo agradável esse festival.
 
As portas se abrem e a massa entra com gosto. Educadamente o publico se acomoda no belíssimo teatro. As luzes mostrando a expectativa de todos e a vontade de alguns, de estar participando, se mostra nos olhares para um palco fácil de se conquistar com a boa bondade e o talento.
 
Godiva’s é anunciado e a gritaria já mostra que a noite promete muito. Alegria e gritaria. Todos partem para frente do palco e logo o teatro se enche. Muitas pessoas indo pela primeira vez, muitas de outros lugares. As quatro garotas tão esperadas estão ali, lindas e felizes. Beleza não faltou no palco, pode apostar. A bateria anuncia e as guitarras e baixo acompanham. Começou timidamente. Infelizmente quando o vocal aparece... No inicio achei despreparo dela, Zizi, mas logo vi que tem alguns fatores que devem ser levados em conta. Na terceira música eu já tinha noticias que nossa vocalista havia estado doente e ainda tinha seqüelas. Ela passara alguns dias acamada. Mas esquecerei esse fato e falarei do que vi e ouvi. A Zizi estava muito desentoada, desafinada e com muita timidez. “Girls just wanna have fun” da década de 1980 cantada por Cyndi Lauper foi a primeira música do repertório da Godiva’s. A quarta música era um cover do Titãs (também da década de 1980) com uma nova roupagem e até interessante. Elas tem muito futuro, a vocal também fazia a guitarra base e, nesse instrumento, tocou bem. Meninas, à luta!! O futuro de vocês pode ser brilhante.
 


Papagaio do Futuro. Esse é o nome da banda que entrou em seguida. Achei o nome esquisito, mas naquele ambiente, quem não é esquisito? Achei que era mais uma bandinha porqueira que estava preenchendo mais um espaço vazio, mas logo vi que estava enganado. Foi uma apresentação de causar inveja a muitas outras que já tinham passado. Através de um contato eu fiquei sabendo que eles só tinham feito um ensaio e no dia que iam tocar. Começaram com Raul Seixas e com mudanças no arranjo. Os Beatles vieram em seguida e ai eu passei a ter certeza que a noite nao só prometia, cumpria maravilhas. A performance dos caras foi agradável e houve interação com o publico e o publico respondia com grande paga que eram os gritos e aplausos. Quando eles tocaram “Little Wing”, de Hendrix, foi incrível, a reação do público foi de está assistindo ao próprio tocando sua música. No fim ainda ouviu-se alguns gritarem “toca fogo na guita, toca fogo!”. Surpreendente repertorio, nada convencional, diferente das outras bandas que geralmente buscam aquelas mais manjadas. Teve solos longos e divididos. Os músicos foram bem profissionais e não posso deixar de elogiar o vocalista por ter bela voz e tocar muito bem. Você conhece Peter Franpton? E Ted Nugget? Não? O cara me lembrou o jeito desses dois grandes guitarristas que fizeram muito sucesso décadas atrás.


 
Após o espetáculo inesperado do Papagaio, agora era hora de mais uma surpresa. Konstance. Achei o nome diferente e fiquei curioso para saber mais sobre o som dos caras. Iniciou tranqüilo, sem agitos. Não vi pessoas gritarem o nome da banda. De repente... Distorções, longos solos, psicodelísmo, profissionalismo, técnica, muita técnica. Os caras são bons, mas pouco aplaudidos. Acho que o motivo foi somente o fato que eles tocaram três covers e o resto das musicas eram de própria autoria. O publico ali presente gostaram, mas não se animaram na hora das letras, porem nos solos eles deliravam. O baixista tinha muita técnica e muita simplicidade. Parabéns.
 


Assim foi o show do terceiro dia. Houve seus inconvenientes, como alguns engraçadinhos que aparecem para fazer piadas, mas não atingiu em nada o espetáculo. Se não gosta, não vá.
 
QUARTO DIA 23/04/2009
 
Esse não é um dia para qualquer tribo. Muitas distorções, muitas cabeças batendo, muito METAL!
 
Poucos usavam roupas que não fosse preto. Vi pessoas numa ansiedade incrível para que começasse logo. Hoje era um dia muito diferente.



Para iniciar tinha que ser realmente com uma banda ja conhecida e com integrantes conhecidos e não podia ser outra, se não, Dr. Divine. No palco havia a participação especial de duas lindas manequins, uma de topless e a outra com um fio dental muito interessante. Morgana e Pamela. Tomando o resto do palco, uma excelente banda com um repertorio maravilhoso e técnica e profissionalismo para dar e vender. Solos impressionantes. A habilidade do guitarrista é de dar inveja a muitos que estão nas paradas de sucesso. Jivago por duas vezes foi cantar junto a multidão. O povo gritava, elogiava, pedia, assobiava, pulavam, batiam cabeça. Impressionante como eles ja têm um publico fiel e grande. Em “Smoke on the walter” eu vi porque realmente eles tem fãs. Para encerrar tinha que ser com o clássico do heavy metal, “Rock’n’roll all night” e ai houve participação de todo mundo. Muito bom o show.



Para aferventar mais ainda o sangue do público, Born Damned. Com nova formação, eu esperava um pouco mais diferente e tive a alegria de saber que está melhor. Eu vi a primeira apresentação dessa banda no Vitória Régia algum tempo atrás e gostei muito. Agora está bem melhor e agora gostei muito mesmo. O repertório estava muito bem elaborado e até o cover do Arch Enemy estava presente com excelente demonstração de técnica e qualidade. O vocal gutural do Hugo está cada vez melhor e o cara ta dando conta do recado. Os guitarristas, bem sincronizado, faziam a festa da galera que interagiram o tempo todo gritando e pedindo grandes sucessos. Encerraram o show com muita garra e já estou na ansiedade para assistir a próxima apresentação.



Encerrando com muita maestria, Mortorion entra no palco e mostra que o extremo tem seu lugar entre o céu a terra e o inferno. Um trio pesado e com muita responsabilidade. Eles estavam ali alimentando a divulgação de uma tribo muito mal vista pela ideologia. Mas o seu peso, seus timbres e sua garra mostrou que sempre nasce mais um fã para prestigiar a grandiosidade que é o verdadeiro METAL. Em nem um dos shows anteriores eu vi o público querendo subir no palco, mas nesse... Nesse até crianças havia diante do vocalista Daniel Black, batendo cabeça e mostrando que o movimento cresce. Era notório que aquela galera estava ali porque realmente gostava e não por simples modismo. A força que emanava daquele palco era surpreendente. Os integrantes das bandas anteriores estavam ali, fundidos, com o publico que também os prestigiaram. O guitarrista mostrou que tem punho forte e entoou solos rápidos com distorções formadas com proficiência e ouvi por dezenas de vezes aquela guitarra largar gritos de terror e agonia nos ouvidos de um publico sedento por um movimento maior e mais valente do Black Metal caririense.
 


Com esse festival acontecendo no Sesc Juazeiro do Norte, podemos notar que o Ceará, aqui de baixo, no extremo sul, pode e tem como crescer com estilos musicais que vão alem do já, mais que batido, forro e outras coisinhas sem gosto. Parabenizo aos idealizadores do evento pela grandiosidade que está sendo este festival. Ao final deste evento conheceremos como nasceu essa idéia e quem transformou essa maravilha de Festival em realidade.



Para o espetáculo seguinte teremos muitas atrações e mais fotos. Espero contar com vocês para manter o nosso Blog atento a outros bons eventos. Estamos em preparo de uma página para fazer cobertura de eventos desse porte.
 
Não esqueça de deixar o comentário de vocês. Até a próxima.
 
Carpe Diem.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Armazem do Som - Bandas de Garagem (parte I e II)

Em meio a correrias, vamos nos enforcando dia após dia para irmos e vivermos alguns momentos bons.

Nessa semana o Sesc Juazeiro do Norte está com uma programação maravilhosa. Varias bandas estão reunidas e trazendo uma qualidade e atração para nossa região.

A programação é a seguinte:


Na terça, dia 21, houve uma banda extra confirmada em ultimo momento: Jardim das Horas de Fortaleza.

O primeiro dia já foi surpreendendo pela potência e qualidade do baterista da banda Sky Daze que abriu o festival. Seis garotos esbanjando força de vontade e muita alegria. Vi flashs e mais flashs sendo disparados durante toda a apresentação que levou uns 40 minutos. Tem futuro. A performance de palco foi uma negação. Os garotos tinham medo do público e não interagiam, o que dificultava mais ainda para uma qualidade da apresentação. Do lado esquerdo do palco ficou o backing vocal e as duas guitarras. Já no outro canto o baixista procurava uma sombrinha para se esconder. O vocalista líder cantou para o grupo da esquerda. Não tirou o olho deles. Ja o baterista, esse sim, foi destaque. Levantava, tocava em pé, girava as baquetas... Impressionava. Parabéns.


Para transformar o cenário, Rocker. Irreverente e cheia de criatividade essa banda já entrou agitando. Trouxe alegria. Descolou risadas até dos seguranças que estavam trabalhando no evento. O vocalista se transformou algumas vezes e até um sombreiro apareceu de repente. Rebolados, dança e improvisos. Houve interação com o público do inicio ao fim e ainda houve pedido de bis no final. O chato é ter que ouvir muitos covers, mas é isso ai.

Por fim entrou a banda Red Steel. Já começou falhando. O guitarrista foi consertar seu instrumento antes de entrar no palco. O público já estava impaciente e alguns até saíram antes mesmo da banda começar a tocar. Quando iniciaram, até parecia já ter alguma experiência, mas aos poucos mostraram nervosismo ou estavam naqueles dias que sobra o que não presta pra eles. Tocaram, foram aplaudidos, interagiram com o público superficialmente. O único que se deu ao trabalho de se mostrar foi o vocalista. Precisa de mais agito dos outros músicos.

Notei muitas diferenças no movimento musical dos últimos anos pra cá. Com esse evento dá pra notar que as bandas estão começando a nascer aqui no Juazeiro com mais força e incentivo. O rock está pegando seu lugar merecido. As bandas alternativas estão vingando o tempo que ficaram caladas e desprezadas. Vinte e uma bandas foram convocadas a tocar nesse evento. Vinte e uma bandas estão mostrando muita garra e vontade. Espero somente que esses músicos se preparem mais. Procurem ser mais profissionais e levem mais a serio a vida na música.



SEGUNDO DIA 21/04/2009
 
Por motivos técnicos o show começou as 18 horas.
 
Para iniciar o segundo dia tivemos a banda Pieroht. Formada com duas guitarras, dois vocais, um baixo e o baterista, iniciou o dia com muito agito, força e interação. Tiveram espírito e força de profissionais. O repertorio é que deixou a desejar. Eu não sabia que ainda tocavam nos shows as musicas como “Que país é esse?” e outras que nem lembro mais o nome. Uma banda de jovens com um repertorio de antes deles nascerem. Isso é bom? Talvez, depende muito do ponto de vista. Nesse caso, acho que não. Iniciaram muito bem com uma vinheta, que parecia ser própria deles. O guitarrista cantou uma musica de autoria dele mesmo. Não curti.
 
Para segunda banda entrar demorou um pouco, mas entrou com alegria e mais covers. “Que país é esse também estava presente no repertório. Achei muito sem criatividade ou sem competência. Existem muitas musicas expressivas e bonitas do Legião e não são tocadas. Ao menos troquem. O vocalista estava elétrico e o baixista o acompanhava. Não sei quem mais se apresentou dos dois.
 
Voltando aos anos 1970 e 1980, em um estilo Made In Brazil, o BR 87 detonou e mostrou um verdadeiro rock’n’roll. O guitarrista mostrou ser um show man, o baterista era o vocalista principal, apesar de dividir o posto com o lead guitar, show man... O baixista matou a pau. O cara tocava como se fosse o proprio baixo. As cordas iam para o dedo do cara. Ele é muito bom. Para finalizar a apresentação, o BR 87 tocou um blues muito gostoso que animou a galera.
 
B’Haves foi a quarta banda da noite. O BR 87 deixou a galera toda acessa. Enquanto montavam o palco, eles agitavam ao som de um metal gostoso que rolava no telão e continuavam aquecido. Mas ao entrar, o seu estilo era mais leve, mais compassado, mais suave. Parecia balada diante do que rolou antes e durante a preparação do palco. Mas tudo bem, venhamos e convenhamos, os caras pelo menos não atravessavam. Tocaram bem, tiveram presença de palco e deixaram o publico contentes do meio para o final. Na verdade eles prepararam o publico pro show seguinte. Tiveram presença de palco através do vocalista porque os demais integrantes fizeram sua parte em seus cantinhos.
 
Encerrando a noite tivemos uma atração contratada de ultima hora, um belo trio de Fortaleza, Jardim das Horas. Um estilo diferenciado das outras bandas que se apresentaram antes e no dia anterior. Uma batida eletrônica, outra hora psicodélica. A vocalista, assediada pelo publico masculino, e sua voz lembrava a irlandesa Dolores O’Riordan vocalista do Cranberries. Sua performance no palco combinava com as musicas, porem ouvi algumas risadas de pessoas que acharam engraçada. Um dia o povo acostuma a acompanhar essas “coisinhas”. Ia esquecendo... Eles usaram um notebook com o cakewalker para rolar as batidas eletrônicas.
 
Mais um dia. Amanha estaremos de volta.




quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um Mestre Quase Esquecido.

Indubitavelmente a fonte mais poderosa de renda na região do Cariri é a FÉ e conseqüentemente, o seu desenvolvimento é visível.

Já fomos grandes com o algodão e com a cana-de-açúcar. Hoje, também somos grandes nos calçados.

A renda de Juazeiro está sempre em crescimento, porem a educação, que com tantas faculdades parece está crescendo...

As escolas têm poucos alunos e os poucos que têm não são incentivados a permanecer em sala. Muitos vão pela merenda escolar, que aparentemente anda escassa na maioria das entidades estudantis.

Temos políticos que dizem fazer muito por nossa região, mas na verdade reclamam dos que conseguem chegar ao poder e os que já estão no poder se perdem em seus enlaces políticos que os deixam de mãos atadas.

Você já visitou uma das sessões na Câmara dos Vereadores? Não? Então você está perdendo uma grande comédia. O que se ouve lá são as solicitações de condolências à família de pessoas falecidas nas datas anteriores a sessão; homenagem e solicitação para colocar nome de ruas de pessoas que você não sabe nem quem é e o que fez. Alem dessas baboseiras existe, em raros momentos, uma menção de que a rua lá no bairro tal está precisando de uma reforma e um ou outro concorda em assinar. Mas quando se vê essa rua tal sendo reformada? Na verdade cai no esquecimento. Quando o vereador que citou é cobrado ele indica a ata do dia mostrando que ele já fez a solicitação e agora depende do prefeito.

Uma das grandes preocupações do Padre Cícero, quando veio para o vilarejo que hoje é Juazeiro, foi cuidar para que a educação local fosse a melhor possível para a época. Ele mesmo dava aula na única escola local, uma vez por semana.

Aqui ele conheceu um garoto que sempre mostrou grande interesse em obter conhecimentos e educação e quando o Seminário do Crato reabriu suas portas em 1877, ele mesmo levou o garoto e o matriculou sem custo algum para o garoto.

Padre Cícero morreu incentivando a abertura de novas escolas e entidades que oferecesse a educação. Em seu testamento ele deixa posses para os Salesianos com a condição deles (os Salesianos) abrirem suas instituições de ensinos aqui no Juazeiro.

Cada novo cidadão que chegava a Juazeiro e que demonstrava conhecimentos e aptidão para ensino era logo interrogado pelo padre vendo a possibilidade de instruir alguma matéria nas escolas locais ou dos sítios.

Nessa época só deixavam as escolas quem já sabia ler e escrever. E isso fazia valer por grandes mestres da época.

Para se ter uma idéia de personalidades que fizeram historia com a educação iniciada em Juazeiro do Norte e incentivada pelo padre Cícero podemos citar:

*Maria Gonçalves que foi a cofundadora e diretora da Escola Normal de Limoeiro do Norte e até hoje é lembrada pela sua dedicação e competência;
*Amália Xavier de Oliveira que foi a cofundadora (juntamente com Doroteu Sobreira) e diretora da Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte (a escola foi fundada no dia 13 de junho de 1934);
*Antonio Xavier de Oliveira (esse que hoje se fala em fechar o Ginásio que leva seu nome e que foi inaugurado no dia 31 de janeiro de 1970 e sua primeira diretora foi Assunção Gonçalves) se formou na Guanabara e se fez famoso como grande jornalista e livre-docente de medicina na Universidade Federal, além de escritor;
*Izabel da Luz, que morou com o padre Cícero, teve que mudar constantemente de local por tão crescente procura de novas alunas;
Teve também a beata Cotinha, a qual não me recordo de nada para citar, mas que também teve seus méritos na educação local;
*José Marrocos, foi professor e jornalista, primo do padre Cícero e fundou o primeiro jornal “O Rebate” em Juazeiro no ano de 1909, alem de escolas em Juazeiro, Crato e Barbalha e morreu em 1910.

Não posso deixar de citar; Raimundo Siebra que também tem o mesmo mérito; Generosa Moreira, Dr. Juvêncio Santana (primeiro Juiz de Direito de Juazeiro) e Antonio Santana, Domingos Tavares, Candinha de Quixeramobim, Assunção Gonçalves, Carolina Sobreira, Mestre Guilherme e Pedro Correia.

Sabe quem entra também nesse rol? O Monsenhor Murilo de Sá Barreto que foi professor na Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte.

Na verdade o padre Cícero em seu testamento deixou claro que deixaria seus bens aos padres Salesianos com a condição “de que ela funde aqui, no Juazeiro os seus colégios de educação para crianças de ambos os sexos”. Mais adiante ele continua: “E rogo a esses bons e verdadeiros servos de Deus, os padres salesianos que me façam esta grande caridade, instituindo nesta terra uma obra completa”. Ele ainda declarou textualmente que do fiel cumprimento dessa sua ultima vontade “será a maior tranqüilidade para minha alma na outra vida”.

Notou que o mestre Pelusio não foi citado ainda? Foi sim. Lembra daquele garoto que o padre Cícero matriculou no seminário? Ele era este garoto que o padre apresentou ao seminário.

Pelusio Correia de Macedo (foto) não se tornou padre. Casou e teve nove filhos. Quatro deles seguiu o sacerdócio. Você conhece a praça Padre Cícero, no centro de Juazeiro? É de se notar que no centro dela tem a conhecida TORRE DO RELÓGIO. Aquele relógio que marca as horas em vários países e as fases da lua foi feito por esse homem chamado Pelusio. Há duvidas se o primeiro cinema de Juazeiro foi realmente o do mestre, o Cine Iracema, mas com certeza foi o muito conhecido na época. A primeira oficina mecânica de Juazeiro também foi dele. Os relógios da matriz de Campos Sales, Missão Velha, do Santuário Diocesano e de outras cidades também foram feitas pelas mãos do mestre Pelusio. Ele também foi quem compôs o primeiro hino de Juazeiro, chamado Hino da Independência e era instrumental. Foi chamado assim por que foi lançado na época da independência de Juazeiro em 1909. O primeiro telegrafista de Juazeiro também foi ele mesmo. Fundou a primeira escola de música de Juazeiro, criou e regeu a primeira banda. Ele era quem fundia muitos sinos de igrejas da nossa região e de outras cidades por ai afora. Era grande inventor e sabia fazer funcionar qualquer peça mecânica defeituosa que chegasse em suas mãos.
Hoje o mestre tem rua com seu nome e tem até mesmo uma escola, estadual, próximo a linha férrea no loteamento Santo Antonio no bairro do Salesianos.

Certa vez cheguei a perguntar a três professores dessa escola quem foi Pelusio Correia de Macedo e, para meu espanto, não souberam quem tinha sido o referido homem. Ao alunos que também perguntei, somente um, soube que ele “tinha sido pai de um padre” e mesmo assim não soube que padre era esse.

Já fiz essa pergunta a dezenas de pessoas que nasceram e vivem em Juazeiro e a resposta é quase sempre, na maioria das vezes, que não sabem e nem tem idéia de quem pode ter sido.

Mas porque eu estou indignado por ninguém conhecer um homem como o mestre Pelusio? Passe pela rua Jose Marrocos e pergunte quem foi aquele que tem o nome da rua em que mora. Vá a rua Dr. Floro Bartolomeu e faça o mesmo. As respostas são engraçadas. Na Jose Marrocos são poucos que sabem quem foi o mesmo e ainda citam como amigo do Padre Cícero. O mesmo acontece com Dr. Floro.

Você sabe quem é Virgulino Ferreira? E Corisco?
Com certeza sabe até a data de nascimento e morte deles.

Estou lastimando que um homem com tamanha importância para a construção de Juazeiro seja esquecido pelos juazeirenses. Estou lastimando que ao invés de falarem e perpetuarem a memória de um homem com essa importância, dêem mais atenção a um facínora na marca de Lampião ou Corisco.

Sei que os mesmos estão registrados na historia e realmente há necessidade de serem citados nas aulas e em palestras, mas não cultuados como GRANDES homens da historia.

CARPE DIEM QUAM MINIMUM CREDULA POSTERO

terça-feira, 14 de abril de 2009

Semana Santa: a Serra, o Padim e o Santo Sepulcro.

O tempo estava ameaçando uma chuva muito forte. Impiedosa. Eram sete horas da manha quando inicie minha jornada. Uma “peregrinação” onde meus olhos tentariam ficar atentos a cenas inusitadas ou simplesmente fantásticas. Vou começar pela ponte do rio Salgado, ou simplesmente, ponte do rio Salgadinho.

Logo assim que você passa pela ponte começa a ver as Estações da Via Sacra. São 14 Estações e mais a Santa Ceia (que é bem maior que as demais). A ordem é essa ai das fotos.


É na subida do Horto que inicia as imagens da realidade de um povo. Alguns nascem nessa cidade e outros migram para essa região. Os pedintes são comuns e não adianta fechar os olhos, porque quando você não os nota, eles te chamam e clamam por um centavo que seja.

Uma grande atração na subida é a “pedra do joelho” que fica logo depois de uma curva grande que tem. Uma enorme fila se forma a cada minuto para que se possa colocar o joelho e o dedo na pedra e assim uma senhora possa rezar o bendito e pedir curas e milagres. O interessante é uma caixinha que tem sobre a pedra. Ela é para uma ajuda financeira na “rezadeira”. Fica presa a cadeira da mesma por uma corrente e um cadeado.


Ao chegar na estatua do Padre Cícero me deparei com uma multidão tentando subir até aquela colossal imagem do padre para escrever seu nome, passar entre o padre e a bengala, rezar diante do padre, olhar a maravilhosa vista do Cariri cearense. Muitos desistiam antes mesmo de tentar.

Dentro do Museu Vivo não se podia nem respirar direito. Não havia organização na fila e os poucos funcionários temiam negar qualquer solicitação feita por um visitante daquele lugar. As estátuas das personagens que ali você encontra em tamanho real passam a não ter muito sentido, pois os guias se cansam logo de explicar para aquela turma e logo entra outra que não sabe o que esta acontecendo. Como disse: faltou organização.

Quando cheguei entre a estátua do Padre Cícero e a igreja que esta sendo construída, me deparei com essa cena maravilhosa e interessante. Um senhor ajoelhado diante de uma cruz e por trás da mesma, uma senhora, já bem velhinha, com um cajado (duas vezes o seu tamanho) rezando o "bendito" no fiel. Ela parecia se esconder. Mas não era isso.

Na nova e inacabada igreja estava havendo uma missa. Confesso não ter visto nem um padre naquele local, mas assim mesmo tinha cânticos e rezas. Havia muita lama ali, mas mesmo assim ninguém se retirava por esse motivo. Impressionante o projeto dessa igreja.

Quando resolvi ir para o Santo Sepulcro, decidi que seria pelo caminho mais conhecido, que passa pelo resto do muro que ali está há quase um século. Retornei da igreja e fui seguindo a nova caminhada.

No caminho do Santo Sepulcro você encontra algumas casinhas de taipa e outras de alvenaria, mal acabadas e pequenas. Todas elas com a finalidade de vender algo. Encontrei umas que vendia "quentinha". O cardápio? Baião de dois, farofa, sardinha ou peixe pescado nas vizinhanças e suco "com água de pote". Encontrei vendedores de caldo-de-cana e água de côco. Eu ainda lembro quando ainda ofereciam também aqueles roletes de cana enfiado na própria casca. Era muito gostoso.

Para fazer a visita ao Santo Sepulcro você tem que ter muita disposição e muita fé também, mas seja qual for o artifício que usou para conseguir chegar, vale a pena. Encontrei até um ciclista nessa empreitada, mas acho que ele não agüentou pedalar e preferiu empurrar a bicicleta. Ou seria por que havia muitas pessoas? Cada segundo é uma grande descoberta e cada maravilha vale cada espinho pisado, cada pedra tropeçada, cada galho no rosto e cada lama jogada em sua roupa.

Veja a imagem abaixo. O que você está vendo é o “Abrigo dos Beatos”. Dos poucos que vi, uns três, só um tinha alguém sentado. Quem estava interessado em ir ou vir não estava querendo sentar e descansar. Ou queria chegar logo ou voltar logo.

Quando você descobre que chegou ao Santo Sepulcro? Quando começa a ver um monte de cruzes fincadas junto a um monte de pedras de todos os tamanhos. Existem cruzes sobre rochas do tamanho de uma casa.

Se você presta bem atenção nestas duas primeiras fotos abaixo, verá que tem um tumulo em forma de caixão e lá no alto da pedra, mais uma "gruta". Na segunda foto, outro ângulo, você vê uma menor. "Gruta" são pequenas casinhas feitas sobre as rochas. No Santo Sepulcro você encontra dezenas, alem de muitas cruzes. Algo super interessante é que parece muito com um cemitério judeu. Tem sempre muitas pedras pequenas sobre outras pedras maiores... Colocadas por quem visita o local. Segundo um Rabi que conheci em São Paulo, ele disse que esse costume pode ter vindo dos tempos bíblicos quando os túmulos eram feitos de pedra, e quando um familiar visitava, sempre colocava mais uma pedra para preservar o tumulo, pois sempre havia vândalos que retiravam pedras e com essa atitude de repor as pedras eles mostravam que o túmulo era sempre visitado e não abandonado.




O Marco do Padre Cícero é algo muito interessante e as historias que se ouve sobre o mesmo são muito mais. Esses escritos na pedra, dizem, foram feitos pelo padre Cícero. Qual ferramenta ele usou? Ora, ele usou o próprio dedo. Só isso. Todos passam os dedos nas letras escritas nas rochas. Não lembro qual o significado dessa superstição.

As “pedras do pecado” são rochas enormes com aberturas que cabe certos tipos físicos. Elas tem esse nome porque dizem que quem não consegue passar entre elas é que os pecados estão demais. Já vi gordinhos se recusarem, mas não por que tinham pecado muito, mas porque duvidaram dessa crença. Vi uma senhora que passou de um lado a outro e quando saiu soltou aquele grande sorriso de felicidade. Quem consegue passar fica limpo da maioria dos pecados. Eu não tentei e nem tento. Me dá preguiça só de ver o esforço que eu iria fazer.

Esta foto (do fogo) foi registrada na Capela Senhora Santana, no meio do Santo Sepulcro, localizado a seis quilômetros da estatua do Padre Cícero, na serra do Horto. O fogo é comum se vê porque a maioria dos penitentes coloca velas muito próximas uma das outras e assim acontece essa queima. Dessa capelinha é que se consegue ver o padre de costas e a nova igreja do Horto.
Em todo o Santo Sepulcro se encontra muitas cruzes e “grutas”. Capelas, sepulcros e muitas pedras. Pedras e mais pedras. Entre duas pedras foi construída essa “gruta” e colocada lá dentro uma pequena grade e a imagem do Menino Jesus.

Encontrei grandes amigos. Encontrei pessoas especiais. Encontrei conhecidos. Encontrei uma felicidade enorme. Encontrei lembranças de quando era bem mais jovem e fazia essa jornada. Encontrei uma saudade indescritível de momentos já passados antes com amigos de infância e adolescência.

Aqui, essa aventura eu terminei as 14h00 (em ponto) na praça do Memorial Padre Cícero, em frente a Igreja de São Vicente. Meu trajeto deve ter sido de uns 14 quilômetros andando, sem parar e sem sentar. Comi um milho, uma cajá, tomei um litro e meio de água, tomei um copinho de café (com gosto de barro) e tomei muita chuva.
Hoje é terça e ainda sinto essa aventura em meus pés, em forma de dor.

CARPE DIEM QUAM MINIMUM CREDULA POSTERO