QUINTO DIA 24/04/2009
Não sou nenhum detrator do movimento reggae e quem me conhece sabe que não é minha praia o estilo. Este blog nasceu para minhas historias e fotografias. Meu senso critico continua racionalmente ativo para que não agrida nem um tipo de grupo, etnia, raça, credo ou seja lá o que vier pela frente.
Hoje, eu tenho que admitir que o Sesc Juazeiro estava quase tendo orgasmo coletivo na quadra coberta. O publico participou intensamente do show. Foram três bandas de reggae que esbanjavam muito talento, técnica e força de vontade.
O reggae tem suas peculiaridades. A dança geralmente é contagiante e quem foi ali, no Sesc, foi para se contagiar.
A primeira banda chama Dona Flor. Nome interessante. Quando você chega diante do palco pode deduzir o porque do nome ser no feminino. No batalhão da frete você já encontra três lindas mulheres, a Fran, Ranny e Bel. Logo mais atrás de uma delas, mais uma mulher com a guitarra: Yanne. De principio posso falar da presença de palco e desenvoltura dos integrantes. A vocalista levou bem seu batalhão de frente e os demais integrantes não deixaram por menos. O repertório era um dos melhores da noite e só estava começando.
Com a entrada da Tribo Cariri, banda cratense, o público já estava mais solto e mais alegre. Em bandas desses estilo você sempre ouve clássicos de Bob Marley, Jimmy Cliff e até de Gilberto Gil e se aliam a outros sucessos de estilos variados, como no caso, aqui, o grande sucesso dos anos 70 de Hyldon que foi regravado pelo grupo de pop rock Kid Abelha “Na rua, na chuva, na fazenda (casinha de sapê)" cantada pela vocalista Isabela. Havia muito profissionalismo na Tribo Cariri. A percussão era uma participação especial vinda da banda Liberdade e Raiz. O guitarrista trouxe solos seguros, o baterista bem sintonizado levantavam mais o astral daqueles que já se aglomeravam mais próximo ao palco. A vibração do show foi uma maravilha e você via a banda se entregar rapidamente ao publico presente e ainda mais felizes eles ficaram quando o Alisson (guitarra base) fez sua participação no vocal em duas músicas. Impressionante a voz do cara. O público pediu muito por um bis, mas que infelizmente, não foi possível pelo tempo destinado as bandas.
Para a banda Liberdade e Raiz cair na graça de uma boa e grande gravadora falta muito pouco. Impressionante a qualidade do vocal André Ferreira, além de sua performance com danças típicas do movimento reggae. Havia muita técnica no grupo e muita disposição também. Houve uma interação incrível com o publico também. A percussão ainda estava ali, voltando do empréstimo para a Tribo Cariri. Os movimentos do Rogério (percussão) eram precisos. Você notava claramente que ele gostava de improvisar bastante, e não dava uma fora. Em “O matuto do sertão” e “Chapadinha” houve dois poemas recitado, de autoria do André Ferreira. Em “Chapadinha” o poema se destaca por ser uma defesa do nordestino. Ao final, “Princesa do Cariri” que é uma homenagem ao Crato. Só lamento aquela frase de apoio à Juazeiro, ta André?
Sendo ovacionado por todo o público, encerrou-se mais uma noite, a penúltima, com o Festival Armazém do Som – Bandas de Garagem. Muito gratificado, o público vai se retirando da quadra com muita alegria e, só lamentando, ter terminado. Para mim que estive em todos os shows e chegava no inicio e saia apos terminar, foi cansativo, mas valeu a pena. Um festival deste nível em Juazeiro do Norte só podia ser sucesso. Parabéns mais uma vez, Sesc Juazeiro do Norte.
SEXTO DIA 25/04/2009
Voltando ao reduto nesse último dia do festival, com ansiedade para ver como seria e curtir mais musicas de bandas nossas, eu entrei com meus instrumentos de guerra: câmera, tripé, notebook e uma simples caneta e um papel no bolso. Agitado eu já busquei encontro com os organizadores e logo me alojei junto com a equipe de som ao lado do palco. Ainda não tinha sido liberado a entrada do pessoal e antes de entrar eu já fui dando abraços e apertos de mão em todos lá fora. O que achei melhor é que vi alguns caras do metal extremo, do reggae, do pop e do alternativo, ali, prestigiando outras bandas de outros estilos. Não dá pra deixar de lado e ignorar esse fato porque isso é importante. Você pode nem gostar do estilo, como eu não gosto da maioria, mas pode prestigiar e aprender um com o outro como curtir e se comportar, além de respeitar.
O fato de eu esta no Festival fazendo fotos, não quer dizer que não fui para curtir. Se não fosse fazer fotos estaria pulando, gritando e participando dos shows mais intensamente. Acho que fui filmado pelas câmeras dos fãs presentes e pode-se notar em muitas horas que eu batia palma, soltava berros e batia cabeça em muitas horas. Houve uma super seleção de bandas para esse festival.
Sem surpresas inicia-se mais uma, e ultima, etapa do Festival. Hoje o tema Hardcore está presente com quatro bandas. Sabia que ali eu iria ouvir bandas como Dead Fish, CPM 22, Blink 182, Rancid, Fresno e outras.
Dead Malaria foi iniciando com uma batida ja forte e chamativa. O publico ainda era pequeno, mas o agito já se tornava grande. Fran começou a cantar e o publico a participar. A quadra era grande, por isso alguns buracos na platéia no inicio, mas logo veríamos que aquele local se tornaria menor. Com o decorrer do show fui me maravilhando com o “pequeno” baterista que fazia um show a parte. Ele soube sintetizar um virtuosismo em sua tenra idade com uma qualidade de quem tem décadas de experiência profissional. Baqueta é o seu nomee 15 sua idade. Expressão natural de quem nasceu para a coisa. Serio e tímido, porem forte e decidido, suas batidas tornavam aquela banda mais que especial. A apresentação impactante desse baterista foi um show a parte, infelizmente ele não fez um solo para mostrar que sabe e que veio para ficar. Eles mostraram que tem um publico deles. O guitarrista tocou com uma corda a menos e deu certo por alguns pontos de vista. O repertorio era variado e tinha covers e musicas próprias.
O Snorf HC entra com um pequeno erro que mais tarde conserta com o sucesso do show. Houve uma falta de sincronia na intro da primeira musica, entre guitas e batera. Quando se vai para um show comum espera-se ver o publico bater palmas, cantar as musicas e ficar olhando para os artistas, mas num show punkrock e hardcore o que se pode esperar são socos e chutes para todos os lados. Uma guerra amiga entre o publico. O nome dessa “dança” é RODA DE POGO. Os saltos do palco, o dito MOSH, começou ja na segunda musica e junto veio uma grande interação. O vocalista Leone deu um show de amizade e fez bem sua parte.
O show garageiro continuou com um pouco de atraso da banda 4º ao Lado para entrar no palco e depois para mudar uma corda do baixo, que digo, agüentou 3 shows ininterruptos. Mas passado esse porre, podemos colher mais um pouco da magia hardcore.
Voltando ao fim dos anos 1970 e entrando aos anos 1980, quem viveu nessa época ou, como eu, curtiu através de registros em vinil, K7, VHS, CD’s e DVD’s, o 4º ao Lado veio trazendo lembranças de bandas como a nacional Camisa de Venus de Marcelo Nova e as internacionais como The Clash, Ramones e Sex Pistols. Quando ouvi o vocalista Marquinhos cantar, vibrei muito e quis até soltar a câmera e dar o primeiro “mosh”. Quando ouvi ele falar me recordei de John Lydon que foi vocalista do Sex Pistols. A voz era muito parecida com a dele quando falava. Mesmo estando o tempo quente, as jaquetas de couro preta deram um visual a banda. Fez um cover do Roberto Carlos com a musica “Namoradinha de um amigo meu” bem dentro do estilo hardcore. Não gostei, mas o publico gostou muito. No decorrer do show o guita base, Cristiano, deixou o palco por motivos técnicos com a guitarra e saltou para o meio do público. Nem por isso o show parou. Marquinhos deu de conta do show juntamente com João Paulo (batera) e Johnny (baixo). As RODAS DE POGOS aumentaram e trouxeram mais animação para o festival. O vocalista, incansável, parecia querer fazer espagati no palco tocando guitarra.
Com uma entrada empolgante o vocalista Rafael do Morfin-8 entrou mostrando que os 7 anos da banda valeu para o grupo estava com pique para encerrar o belo festival. Em todo o show o cara pulou incansavelmente e os outros integrantes, mostrando muito peso, deram mais motivos para as RODAS DE POGOS se formarem novamente. Alguns fãs passaram a subir no palco e tomar o microfone e gritar, cantar, xingar tudo na maior alegria de um hardcore. Teve uma resposta muito positiva de todo o publico. Quando foi anunciado o fim do show, o pedido de bis parecia nao ter fim, mas infelizmente não houve acordo. O publico subiu no palco e pediu ao pessoal do som, da coordenação, da banda e mesmo assim não tinha mais como. Mas via-se claramente que a Morfin-8 tem muito ainda para dar ao público.
Aproveitando a apresentação da Morfin-8, digo aos demais componentes de bandas que se apresentaram e as que não tiveram chances que recordo certa vez ter ouvido comentários sobre essa banda no inicio onde todos diziam que eles eram ruins. Realmente alguns disseram isso nesse ultimo show e confirmaram que a insistência dos caras mostraram que valeu a pena, porque eles estão de parabéns. Que isso sirva para as outras bandas continuarem, porque é assim que se chega mais próximo da perfeição. Ensaios, aulas, praticas.
O Festival Armazém do Som – Bandas de Garagem veio para mostrar que existem gêneros musicais aqui na região muito diversificado, e que, com essa apresentação de varias bandas foi um passo para que possa futuramente ter mais uma edição desse memorável encontro de estilos e tribos. A equipe técnica, mesmo sem a experiência com esses estilos musicais, fez valer cada apresentação e tornou a vida desses adeptos uma fantasia. As bandas foram escaladas partindo de uma quantidade boa de material fonográfico e as escolhidas tiveram a presença confirmada durante toda a semana.
Antonio, o produtor cultural, montou o projeto e executou com profissionalismo e muita paixão pela musica. Como o mesmo já é musico e curte estilos alternativos, tem ouvido e senso critico, selecionou e montou a programação. Se fez presente a cada segundo. Para o mesmo a satisfação beirou o orgasmo pelos resultados obtidos. Os gêneros musicais aliados durante toda a semana do festival ganharam uma apresentação descontraída e dançante, tanto dentro do teatro, que era mais limitado, como na quadra.
Para finalizar, querendo continuar escrevendo mais e mais, sem muitas palavras para descrever o festival o melhor é resumir em duas apenas: FOI FODA!!!
O que é bom, não dura pouco, dura o essencial. Dura o que podemos curtir. Eu, mesmo fotografando, curti, prestei atenção, aticei meu senso critico, relembrei quando comecei a curtir musica e a ir a pequenos shows, recordei quando apresentei bandas em festivais, exposição do Crato, shows na URCA e lembrei das minhas tentativas de manter uma banda.
Esse inebriante festival realmente vai ficar marcado na vida de quase todos os que passaram ali como um dos melhores aqui da região.
Não se desplugue desse blog por muito tempo, até a semana que vem uma pagina será recheada com muitas fotos de pessoas que estiveram no show, as bandas e muito mais.
Se ligue na pagina: www.carcaramultimidia.com.br
La você vai conferir todas as fotos.
"FESTA ESTRANHA COM GENTE ESQUISITA..."
(Veja as fotos completas, semana que vem no site: www.carcaramultimidia.com.br)
DOIRADO
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Paro e respiro
Suspiro o breve momento
Onde nasce uma poesia
Como o vento soprando
Uma leve profecia
Que desencanta o Juazeiro
O tempo descansa
Nas ...
Há 5 dias
Belissímo trabalho...
ResponderExcluirexcelente blog.