terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval - Quando os Pierrôs Sumiram?

"Quanto riso! Oh! Quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão..."

Com essa marchinha de carnaval, recordamos tempos atrás, quando o carnaval nos fascinavam por fantasias de pierrôs, arlequins e colombina. Onde o tempo era marcado por brincadeiras e serpentinas de papel, colorindo com os confetes os salões de grandes clubes.



Houve um tempo em que os salões de festas planejavam antecipadamente seu carnaval e se abasteciam de confetes e serpentinas, mascaras enorme enfeitavam os salões. Em nossa cabeça já iniciava o som dos metais que as orquestras tocavam. Versos de marchinhas começavam a ecoar em nossas cabeças.

"Allah-lá-ô" foi sucesso nos anos 40 e ainda hoje ouvimos versões e mais versões sendo gravados todos os anos. Há quem pense que essa marchinha nasceu por ai, sem um nome. A verdade é que essa musica é de Haroldo Lobo e Gabriel Nássara. É de Haroldo também "Tristeza", "Índio Quer Apito" entre muitas outras. "O Teu Cabelo Não Nega" de Lamartine Babo foi sucesso nos anos 30.



Na verdade a década que teve uma excelente "safra" de marchinhas foi a de 30. Musicas como "Touradas em Madri", "Cidade Maravilhosa", "A Jardineira". A marchinha "Dá Nela" de Ary Barroso ganhou o primeiro lugar no concurso da Casa Edisor. Já a musica "Tai" (que na verdade o titulo é "Pra Você Gostar de Mim") é de Joubert de Carvalho e foi a musica que consagrou Carmem Miranda. "Na Pavuna" foi a primeira gravação que teve percussão.



O tempo continuou seguindo seu percurso normalmente, trazendo mais clássicos para o carnaval. As décadas seguintes deixam claro que as marchinhas seriam mais ricas em seus enredos. Elas começavam a tomar como inspiração acontecimentos do cotidiano de cada um dos brasileiros. O paradoxo fica estampado em "Ai Que Saudades da Amélia", de Mario Lago com musica de Ataufo Alves. Um samba que se tornou sucesso no carnaval da década de 40. O incrível é que Ataufo ofereceu para vários cantores e não sendo aceito por eles, gravou na Odeon junto com um conjunto que improvisou e batizou de Academia do Samba.



"índio quer Apito" fez sucesso na década de 60, junto com "Mascara Negra" (citada no inicio), "Tristeza". Nas décadas seguintes, até os anos 80 as marchinhas eram criadas e as antigas sempre tocadas. Depois vieram os anos 90 que trouxe a tona o Axé. Moraes Moreira gravou em 1979 "Assim Pintou Moçambique", mescla de frevo baiano com afoxés africano.



E aos que me perguntarem sobre o Trio Elétrico de Dodô e Osmar que foi criado na década de 50, eu vou logo respondendo: Houve a grande mudança para caminhões e carretas somente no inicio dos anos 80, e assim a animação se estendeu mais por sua majestosa iluminação, quantidade de amplificadores, movimentação pelas avenidas. o Som mais alto contribuiu muito. Essa década de 90 fez até hits funkeiros tornar sucesso como foi o caso de "Uh! Tererê".

Infelizmente o Axé e o funk tomaram mais conta do carnaval que as marchinhas. Certo que tenho que aceitar que o tempo passa, mudam as coisas, mudam as pessoas em evidencias, tem-se que criar novos estilos. Sim. Tudo pode acontecer. Mas porque eu tenho que aceitar calado algo que nem gosto?

O tempo morre a cada segundo. O futuro é sempre cada segundo que foi morto. A historia muda a todo instante. Nasce assim a saudade do meu tempo de criança, quando ainda as marchinhas imperavam nos carnavais.

Morre o tempo a cada segundo, nasce a lembrança na saudade.

Carpe Diem

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